Governança Ágil

Por AILTON VENDRAMINI *

Sim, a Governança Ágil está migrando para fora da Tecnologia da Informação, mas, antes de concluirmos algo sobre a Governança Ágil, vamos relembrar os Métodos Ágeis e que hoje avançam além-mar.

  • Scrum – estrutura baseada em ciclos curtos (sprints), com papéis definidos (Product Owner, Scrum Master, Time de Desenvolvimento).
  • Kanban – gestão visual do fluxo de trabalho, com cartões em colunas (A Fazer, Em Andamento, Concluído).
  • XP (Extreme Programming) – foco em práticas de engenharia de software (programação em par, testes automatizados, integração contínua).
  • Lean Software Development – inspirado no Lean Manufacturing, prioriza eliminação de desperdícios e melhoria contínua.
  • Crystal – enfatiza comunicação, reflexões frequentes e adaptação, variando conforme o tamanho da equipe e criticidade do projeto.
  • DSDM (Dynamic Systems Development Method) – abordagem ágil estruturada para desenvolvimento rápido, com foco em requisitos essenciais.
  • FDD (Feature-Driven Development) – organiza o trabalho em torno de funcionalidades entregáveis e mensuráveis.
  • SAFe (Scaled Agile Framework) – adapta práticas ágeis para grandes organizações e múltiplos times.
  • LeSS (Large Scale Scrum) – expansão do Scrum para múltiplas equipes trabalhando em um mesmo produto.
  • Spotify Model – estrutura organizacional baseada em “squads”, “tribos” e “guildas”, inspirada pela empresa Spotify.

Dessas é fácil arriscar que o Scrum nascido no berço da tecnologia da informação na virada do século XX para o XXI, é a mais conhecida. O Scrum é um framework ágil criado para lidar com projetos complexos e adaptativos. Ele organiza o trabalho em ciclos chamados sprints, normalmente de 2 a 4 semanas. Cada sprint começa com uma Sprint Planning, onde o time define o que será entregue. O Product Owner prioriza o backlog do produto, garantindo alinhamento com o valor de negócio. O Scrum Master atua como facilitador, removendo impedimentos e assegurando que o processo seja seguido. O Time de Desenvolvimento é multifuncional e autogerenciado, responsável por transformar backlog em incrementos funcionais. Todos os dias ocorre o Daily Scrum, reunião curta para sincronizar o time e ajustar o plano de ação [normalmente realizadas em pé para que justamente não passem de 15 minutos]. Ao final de cada sprint há a Sprint Review, onde o incremento é inspecionado junto às partes interessadas. Também acontece a Sprint Retrospective, momento para refletir sobre processos e melhorar continuamente. O valor central do Scrum é entregar incrementos de produto de forma iterativa, permitindo adaptação rápida às mudanças.

O Scrum não é mágico: ele só amplifica a maturidade (ou imaturidade) da equipe, discuti esse tema durante essa semana, e concluímos que em equipes “verdes”, o Scrum pode falhar espetacularmente porque escancara falhas de comunicação, liderança e responsabilidade. Em equipes maduras, Scrum pode parecer até redundante, mas continua útil como “padrão mínimo de cadência e alinhamento”. O segredo não é forçar o framework, mas trabalhar a cultura e a maturidade da equipe (sugestão para líderes Ninjas).

Se os métodos ágeis estão aí e foram amplamente consagrados pelas organizações (principalmente na área de T.I), o que dizer da Governança Ágil? A Governança Ágil é tema recente, ela conecta métodos ágeis com a necessidade de gestão estratégica, compliance e tomada de decisão em alto nível. Busca equilibrar flexibilidade (para responder a mudanças) com responsabilidade e controle (para atender a normas, compliance e estratégia).

As características-chave são; Transparência em tempo real → uso de métricas ágeis (burn-down, throughput, OKRs) como insumo de governança. Decisões iterativas → em vez de grandes planos anuais fixos, ciclos mais curtos de planejamento estratégico. Alinhamento estratégico → backlog de alto nível conectado diretamente aos objetivos da organização. Accountability distribuído → responsabilidade não centralizada, mas compartilhada entre papéis. Compliance dinâmico → controles e auditorias embutidos nos próprios fluxos ágeis (ex.: segurança by design).

As diferenças para a Governança Tradicional estão em:

  • Tradicional: rígida, baseada em relatórios periódicos, muita documentação.
  • Ágil: adaptativa, baseada em indicadores visuais, feedback contínuo, valor entregue.

Exemplo: em vez de esperar o “fechamento trimestral”, a governança ágil acompanha o incremento de valor a cada sprint.

Podemos escrever: A governança ágil é inevitável assim como foi quando da criação dos métodos ágeis. Sim, algumas empresas não pretendem escalar para práticas ágeis, sim, é uma opção consciente (nem sempre).

Sugestão para leitura complementar https://go.compass.uol/weshare-mar-governanca-agil

* AILTON VENDRAMINI, Engenheiro eletrotécnico com 40+ anos no setor privado (ABB, VA TECH, Schneider, Veccon etc.), liderando contratos e grandes projetos. Experiência executiva no Brasil e exterior. Hoje, Diretor de Dados & Estatística e DPO de Hortolândia, à frente de LGPD e projetos de dados/IA. Articulista e consultor; MBA USP, pós-graduações FGV e especialização em Big Data.

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