Autores de Campinas debatem sobre mulheres escreviventes e multiverso na FLIP 2025
Roda de conversa inclui exibição do curta ‘Entre Campinas e rios de sangue’
As escritoras Vivi de Paula e Maria Alice da Cruz voltam à programação da Casa da Favela na Festa Literária Internacional de Paraty acompanhadas pelo poeta, educador e multiartista Miguel Passará, fundador do movimento cultural Slam Voz e Arte. A roda de conversa, intitulada “Mulheres escreviventes e o multiverso”, acontece no dia 31 de julho, das 16h30 às 18 horas, na sede da Casa da Favela, no centro histórico de Paraty. Para completar o debate sobre o multiverso literário, o roteiro inclui a projeção do curta-metragem Campinas e Rios de Sangue, de Miguel Passará e Vivi de Paula, um dos vencedores da Mostra Curta Social CEI Campinas em 2024.
A resistência de mulheres escreviventes em iniciar e se manter na história da literatura brasileira e a importância de inspirar novos autores, em qualquer forma de expressão e comunicação literária, é o mote da conversa a ser coordenada pelos palestrantes. Durante o evento, as autoras divulgam os livros Nem toda divindade tem asas, de Vivi de Paula; e Vitalina Cherubim: netas de escravos em conversas com café quente, de Maria Alice da Cruz.
“É uma honra sermos convidadas pela Casa da Favela novamente, e na companhia do Miguel. Mulheres literatas, à margem durante longo período da linha do tempo da historiografia literária do Brasil, ganham força e projeção, não somente pela força das redes e do movimento negro, mas também pela qualidade dos seus versos, das suas composições e pelo multiverso, que a necessidade e a coragem de uma Maria Firmina, uma Lélia Gonzales, uma Ruth Guimarães, uma Antonieta de Barros, uma Conceição, Ana Maria Gonçalves, uma Elisa Lucinda, e muitas outras, levarem seus corpos, seus pensamentos a ambientes de difusão de cultura e ciência diversos e, muitas vezes, ‘interditados’ a corpos e pensamentos não convencionais num sistema colonialista e pós-colonialista. E o mais importante: conseguiram inspirar jovens, como Miguel Passará, Vivi de Paula, a traduzirem seus pensamentos e sentimentos, preparando a ancestralidade do futuro, a tecnologia ancestral do futuro”, declara Alice.
Para Vivi, com o tema multiverso, a Casa da Favela leva à FLIP uma discussão num campo de reflexão sobre literatura, identidade e representações múltiplas da existência feminina. Essas mulheres escreviventes são aquelas que narram a si mesmas e sobre as suas comunidades. Abordam a realidade de histórias paralelas não presentes na literatura até pouco tempo. As escreviventes saíram do lugar de coadjuvantes ou consumidoras para o protagonismo literários, sendo donas de seu tempo e de seu espaço”.
Responsável por interagir com o público sobre Campinas e Rios de Sangue, Miguel declara que “é uma grande honra estar na FLIP ao lado de mulheres tão potentes, num espaço onde a palavra se emancipa e transforma a psique humana, porque a poesia
tem esse poder. Estar na Casa da Favela, junto de outras pessoas que admiro, é como uma confirmação de que meu propósito de ver um mundo com mais justiça está sendo mais palpável. Acredito que nesses espaços artistas e escritores de diversos lugares se cruzam com outros que caminham em trilhas semelhantes, e dessa troca nascem forças, inspirações e parcerias para voltarmos às nossas terras com o coração cheio de entusiasmo, fomentando transformações reais por meio de projetos que respondem às urgências de nossas comunidades”.
Sobre os autores
Vivi de Paula é escritora, e-learning designer, pesquisadora em Literatura, atriz e compositora. Graduada em Letras na PUC-Campinas, especializou-se em Tecnologia da Educação no Mackenzie e em Edição Textual na Unicamp. A sua primeira obra autoral foi o livro de poemas “Flores Roxas” (2021, Editora Patuá). O seu segundo livro é “Nem Toda Divindade Tem Asas” (2024, Editora Nauta). Vivi de Paula foi nomeada “Rainha Pérola Negra de Campinas”, em 2024, por sua contribuição sociocultural para a região. A escritora publica contos, artigos, poemas e crônicas em diversas coletâneas e antologias no Brasil e no exterior. Estudou língua inglesa em Nova Iorque (EUA), onde participou do festival de poesia falada no Brooklyn. Viajou por mais de 20 países pesquisando e apreciando literaturas. Atualmente, atua como CEO da Texto e Contextos, assessoria linguística tecnológica, fundada pela autora em 2019.
Maria Alice da Cruz é escritora e jornalista formada pela PUC Campinas, com pós-graduação em jornalismo científico pela Unicamp. Natural de Campinas, é autora do livro Vitalina Cherubim: neta de escravos em conversas com café quente e coautora de Faço Parte Desta História, Volume 2, e Causos da Vida: da fazenda aos livros. Com uma carreira de 35 anos na Unicamp, sendo 26 como jornalista, Maria Alice editou a Revista Resgate e foi repórter do Jornal da Unicamp. A jornalista também atuou como revisora, editora web e cronista no Jornal Correio Popular de Campinas. Fundadora da empresa Turquesa Literata, oferece serviços de revisão, redação, gestão de mídias, design e assessoria de imprensa de projetos culturais.
Miguel Passará é um multiartista e educador de Campinas (SP), conhecido por seu trabalho que une arte, espiritualidade e ativismo social. Ele atua como cantor, poeta, MC, performer e produtor cultural, com foco em temas como autoconhecimento, consciência racial, saúde mental e ancestralidade. O artista é fundador do movimento cultural Slam Voz e Arte, que promove batalhas de poesia falada com ênfase na valorização de vozes periféricas e negras. Ele desenvolveu o projeto Oráculo da Autenticidade, uma performance urbana que convida o público à reflexão por meio de intervenções poéticas nas ruas de Campinas. Como educador, Passará ministra oficinas e cursos que vão do rap à meditação, atuando em escolas públicas e Organizações Não Governamentais (ONGs). Link para o filme Entre Campinas e Rios de Sangue. Contato: (19) 981987411, @pretapoesia, @alicecruzpaula, @passaramiguel Programação no instagram @casadafavela
Serviço
Roda de Conversa Mulheres Escreviventes e o Multiverso
Exibição do curta Entre Campinas e Rios de Sangue
Data: 31/7, das 16h30 às 18 horas
Local: Casa da Favela (FLIP 2025)
Endereço: Rua Tenente Francisco Antônio, 28 – Centro Histórico, Paraty-RJ (próximo à Praça Matriz, em frente da sorveteria Pistache)