Livro rompe o silêncio de mulheres vítimas da violência

No mês do Agosto Lilás, dedicado ao enfrentamento da violência contra a mulher, a escritora, roteirista e comunicadora Adriana Chebabi lança o livro sobre relacionamentos abusivos, intitulado “Precisamos Falar Sobre Relacionamentos Abusivos – VERDADE”. O momento é oportuno, considerando as estatísticas cada vez mais alarmantes: quase 1.500 feminicídios no ano passado além de cerca de 90 mil casos de violência física e psicológica. O lançamento será no dia 19 de agosto, terça-feira, das 17h30 às 21h, na Biblioteca Municipal “Prof. Ernesto Manoel Zink”, em Campinas, com entrada gratuita.

Os dados são alarmantes: o Brasil registrou 1.492 feminicídios em 2024 — o maior número desde que o crime foi tipificado. A cada dia, quatro mulheres são assassinadas por conta de sua condição de gênero. Casos de estupro também bateram recorde: foram mais de 87 mil em 2024, sendo que quase 77% das vítimas tinham até 14 anos. A violência física atinge 16,9% das brasileiras; a psicológica, 31,4%. E, apesar dos dados, a subnotificação ainda é grande. Por meio da Editora Belas Urbanas, produtora de conteúdo que completa 10 anos em 2025 e se dedica à criação de narrativas que promovem equidade de gênero por meio de livros, vídeos, podcasts e eventos, Adriana Chebabi utiliza sua equipe para contar histórias que contribuam para conscientizar e aculturar o mundo corporativo. O livro “Precisamos Falar Sobre Relacionamentos Abusivos – VERDADE”, que ela lança no dia 19 de agosto, das 17h30 às 21h, na Biblioteca Municipal “Prof. Ernesto Manoel Zink”, em Campinas, é um dos resultados desse trabalho e o segundo do gênero. O lançamento será marcado por uma roda de conversa com a autora, sessão de autógrafos e uma apresentação de esquete teatral da CPA, de Edigar Contar, inspirada nas histórias contidas na obra.

Histórias reais

O livro reúne relatos anônimos, alguns escritos pelas próprias mulheres, outros por Adriana com base em entrevistas confidenciais, sempre com autorização das protagonistas. São textos entremeados por fragmentos de diálogos e reflexões que expõem como a violência pode estar escondida em gestos, frases e contextos sociais muitas vezes naturalizados. Parte das histórias desta nova edição nasceu nas oficinas realizadas no CEAMO (Centro de Referência e Apoio à Mulher de Campinas), entre novembro e dezembro de 2024. Foram quatro encontros em que as participantes puderam escrever, relatar ou simplesmente desabafar histórias que carregam na memória e no coração. Algumas escreveram seus dramas. Outras entregaram, em palavras, relatos de violências físicas, psicológicas, sexuais — inclusive dentro de casa, muitas vezes desde a infância. No final do livro, a autora/organizadora informa sobre as leis, os canais para denúncias e as redes de apoio. Além do livro impresso, o projeto conta com um audiolivro e uma versão em braile, ambos disponíveis na Biblioteca Municipal de Campinas. E, como ação de impacto, 80 exemplares serão doados a instituições, coletivos e profissionais que atuam na rede de proteção a mulheres em situação de violência.

Sobre o projeto

O projeto, contemplado pela Lei Paulo Gustavo, dá continuidade ao trabalho iniciado em 2021 com a publicação de um primeiro volume sobre o tema, junto com outros escritores, como coautora e organizadora daquela edição. Desde então, Adriana vem conduzindo oficinas, palestras e rodas de conversa em espaços culturais, escolas e instituições públicas, criando ambientes de escuta e acolhimento onde histórias reais de dor, superação e esperança ganham espaço e visibilidade. “Sou uma artista da escuta e da palavra”, afirma Adriana. “Quando oferecemos espaço seguro para a fala, abrimos portas para a cura. E a verdade, mesmo doendo, liberta. O subtítulo ‘VERDADE’ desta segunda edição foi escolhido para reforçar que relações saudáveis se constroem com transparência, respeito e liberdade. Nomear a dor é o primeiro passo para superá-la”, diz.

Sobre a autora

Adriana Chebabi é uma artista da escuta e da palavra. Vive em Campinas (SP), onde desenvolve projetos que unem arte, propósito e reflexão. Atuou por anos no mercado publicitário e, hoje, se dedica a contar histórias que importam – como as que já compõem livros, filmes e palestras sobre temas urgentes e muitas vezes silenciados. É também uma das coautoras e organizadora do primeiro livro colaborativo sobre relacionamentos abusivos, projeto que a levou a palestras, entrevistas e ao encontro de outras vozes que ainda precisam ser ouvidas. Acredita que a escrita pode ser abrigo, denúncia e recomeço.

Sobre a Editora Belas Urbanas

Belas Urbanas é uma produtora de conteúdo audiovisual e escrita que tem como principal objetivo provocar reflexões e mudanças que gerem equidade de gênero nas corporações e na sociedade. Somos contadores de histórias e atuamos com conscientização e aculturamento corporativo por meio da criação de vídeos, livros, e-books, podcasts, palestras e eventos personalizados. Composta por um time multidisciplinar, a produtora reúne profissionais com ampla experiência em comunicação, educação, gerenciamento, relacionamento e impacto social. Em 2025, a Belas Urbanas completa 10 anos de existência.

Panorama Atual da Violência de Gênero no Brasil

  • Feminicídio: Em 2024, foram registrados 1.492 feminicídios, o maior número desde que o crime foi tipificado em 2015, um aumento de cerca de 1% em relação a 2023. 80% das vítimas foram mortas por companheiros ou ex-companheiros, e 64% dentro de casa. A maioria era mulher negra e tinha entre 18 e 44.
  • Mortes: Dados de 2025 indicam que, em média, cerca de quatro mulheres são assassinadas diariamente por conta de sua condição de gênero. Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/feminicidio-quatro-mulheres-sao-assassinadas-por-dia-no-brasil/
  • Estupros: Em 2024, foram registrados 87.545 estupros, um recorde, dos quais 76,8% envolvem vítimas de até 14 anos (estupro de vulnerável). Cerca de 68% dos casos ocorreram dentro de casa. O total equivale a 196 estupros por dia, mesmo com uma redução de 1,44% em relação a 2023, com 71.892 casos. Fonte: https://sinpaf.org.br/violencia-mulher-anuario-2025/
  • Violência cotidiana e múltiplas formas de agressão: A pesquisa Visível e Invisível mostra que 37,5% das mulheres brasileiras sofreram ao menos algum tipo de violência (física, sexual ou psicológica) nos últimos 12 meses — o que representa cerca de 21,4 milhões de mulheres. Fonte: https://veja.abril.com.br/coluna/maquiavel/violencia-atingiu-27-milhoes-de-mulheres-em-2024-diz-pesquisa#google_vignette
  • Violência psicológica foi reportada por 31,4%, e a física por 16,9% das mulheres, a maioria dentro de casa (57%). Fonte: https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2025-03/nove-em-cada-dez-agressoes-contra-mulher-foram-presenciadas-por-alguem
  • Violência doméstica: Em 2023, mais de 275 mil casos foram notificados de violência contra mulheres, sendo 64,3% casos domésticos. Estes dados apontam falhas significativas na garantia das medidas protetivas, já que aproximadamente 100 mil dessas medidas foram descumpridas em 2024. Fonte: https://www.andes.org.br/conteudos/noticia/homicidios-contra-mulheres-cresce-no-brasil-revela-atlas-da-violencia-20251
  • Subnotificação: Apenas uma parte dos casos são realmente denunciados. Segundo estudo recente, mulheres mais velhas, brancas e que vivenciaram violência física têm maior propensão a buscar ajuda — enquanto mulheres casadas ou com parceiros que abusam de álcool apresentam menor chance de denúncia — o que revela as barreiras ao acesso à justiça. Fonte https://arxiv.org/abs/2504.05102
  • Pesquisa do Senado:
https://www12.senado.leg.br/institucional/omv/menu/pesquisas/panorama

SERVIÇO
Lançamento do livro “Precisamos Falar Sobre Relacionamentos Abusivos – VERDADE”
19 de agosto (terça-feira)
Das 17h30 às 21h
Biblioteca Municipal “Prof. Ernesto Manoel Zink” – Av. Benjamin Constant, 1633 – Centro, Campinas/SP
Roda de conversa, sessão de autógrafos e apresentação teatral com direção de Edigar Contar
Entrada gratuita

Sobre o Autor