Longa-metragem campineiro conquistacinco troféus em festival de cinema no Piauí

“O Ar Que a Gente Respira” teve 11 indicações e venceu nas categorias: Filme (Júri Popular), Direção, Roteiro, Ator e Figurino da Mostra Competitiva Nacional

O longa-metragem campineiro O Ar Que a Gente Respira, do cineasta Rafael Santin, foi reconhecido e premiado durante o 19º Encontro Nacional de Cinema e Vídeo dos Sertões, recém-realizado em Floriano, no Piauí. Indicado em 11 categorias da Mostra Competitiva Nacional – Longa-Metragem (Ficção e Documentário), o filme arrebatou cinco estatuetas do Troféu Cacto de OuroMelhor Filme (Júri Popular), Melhor Direção (Rafael Santin), Melhor Roteiro (Rafael Santin), Melhor Ator (Pedro Paulley) e Melhor Figurino (Lu Chagas).

Organizado pela Escalet Produções Cinematográficas, o encontro conta com o apoio da Petrobras, do Ministério da Cultura e do Governo Federal. Como realizador, está o Pontão de Cultura “Cultura Viva ao Alcance de Todos”. Vale destacar que o festival acontece na sala de exibição do Teatro Cidade Cenográfica, considerado o maior teatro do Piauí e o segundo maior a céu aberto do Brasil, palco há 30 anos da reconhecida Paixão de Cristo.

Trata-se da primeira premiação de O Ar Que a Gente Respira, produzido de forma independente e recém-lançado no circuito de festivais. “A premiação tem um papel decisivo nessa etapa, porque funciona como um selo de curadoria e qualidade. O que realmente engrandece esse reconhecimento é o contexto em que ele acontece: estar em uma mostra altamente competitiva, ao lado de filmes com produções robustas, orçamentos maiores e nomes já consagrados do cinema nacional, como Perto do Sol é Mais Claro Alegria do Amor. Quando um filme independente se destaca nesse cenário, isso amplia sua credibilidade artística e desperta a atenção tanto do público quanto dos exibidores”, destaca o cineasta Rafael Santin.

Para a produtora e figurinista do longa-metragem, Lu Chagas, trazer as estatuetas do Troféu Cacto de Ouro para Campinas toca fundo, pois reconhece algo que sempre esteve no coração do projeto: a força artística e técnica do filme. “A gente faz cinema daqui de Campinas, do interior, mas sempre mirando alto, de igual para igual com qualquer produção do país. Ver o filme ser escolhido, aplaudido, premiado… é a certeza de que a nossa estética, o nosso rigor e o nosso olhar chegaram ao público. E quando o público sente, entende e abraça a obra, tudo faz sentido. Para mim, esse prêmio não é só um selo de reconhecimento. É um lembrete bonito de que histórias bem contadas encontram seu caminho, não importa de onde elas vêm”, avalia Lu.

Vencedor, em especial, nas categorias Melhor Direção e RoteiroRafael Santin também percebe as conquistas como a validação do cuidado e do compromisso com a linguagem cinematográfica. “Foi uma surpresa muito grande para mim, especialmente por estar concorrendo com diretores experientes e referências importantes do cinema brasileiro, como Régis Faria e Márcia Paraíso. Foi um reconhecimento que me tocou muito, porque senti que o meu trabalho como diretor foi realmente visto e compreendido. Em O Ar Que a Gente Respira, procurei colocar todo o meu potencial artístico: dos planos de filmagem à condução dos atores, do ritmo à atmosfera do filme.”

O mesmo aconteceu com o ator Pedro Pauleey, vencedor do Troféu Cacto na categoria Melhor Ator, que concorreu com o veterano ator global Reginaldo Faria. “Estar indicado ao lado de Reginaldo Faria, um ícone do nosso cinema e da TV, já me enchia de orgulho. Juro que não esperava a premiação, mas a gente fica naquela de: ‘e se…’. Tanto que pensei, segundos antes do anúncio: ‘caso ganhe, quero agradecer as conexões de amizade que esse festival me proporcionou’. A felicidade foi imensa, não só por mim, mas por uma equipe gigantesca que lutou bravamente por esse filme. O prêmio é de todos nós”, reconhece o ator.

De acordo com Janice Castro, também produtora do filme, os próximos passos do longa-metragem campineiro são continuar no circuito de festivais de cinema ao longo do próximo ano, entrar em cartaz nos cinemas do Brasil e, claro, adentrar o universo dos streamings. Sobre os dois últimos tópicos, O Ar Que a Gente Respira já está em negociação. “O sucesso do filme junto ao júri e ao público mostra que existe cinema de qualidade fora dos grandes centros e que, no Brasil, podemos ter vários polos cinematográficos, uma vez que nosso país é grande e diverso”, pontua a profissional.

O longa-metragem

Com uma equipe que alia experiência, criatividade e gestão eficiente, O Ar Que A Gente Respiraconsolidou-se como uma produção independente de destaque no interior paulista. À frente dessa realização estão Lu Chagas, Janice Castro e Rafael Santin, profissionais que compartilham uma trajetória dedicada ao fortalecimento do audiovisual regional e à valorização das produções autorais.

A sinopse

Uma investigação de assassinato em uma pequena cidade do interior, marcada por silêncios e lealdades, revela segredos antigos. Adoniran, investigador respeitado, vê sua vida ruir quando passa de agente a principal suspeito. Enquanto tenta provar sua inocência, Saulo, Agente Especial da Corregedoria, retorna à terra natal e precisa enfrentar memórias que preferia esquecer. Conflitos internos, alianças frágeis e lembranças mal resolvidas tornam a busca pela verdade cada vez mais perigosa.

As filmagens

Realizado com recursos do ProAC DiretoO Ar Que a Gente Respira é uma produção campineira que mobilizou diferentes frentes da cidade e do interior paulista. As filmagens ocorreram em locações emblemáticas de Campinas, como a Estação Cultura, a antiga Delegacia da Avenida Andrade Neves, o Lago do Café e o Laboratório de Química da Unicamp, além de residências, escolas e estabelecimentos comerciais da região. As gravações também se estenderam até Joaquim Egídio — no Haras Pégasus — e à Ponte do Imperador, na Rodovia Dom Pedro I, chegando à Serra da Cantareira, nas margens do rio Atibainha.

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