Por trás do sentimento: Como o cérebro interpreta as suas emoções?
As emoções são mais químicas do que costumamos imaginar e o cérebro tem um papel fundamental neste processo, destaca o psicanalista e mestrando em neurociências Adriel Silva

As emoções que sentimos diariamente parecem espontâneas, intuitivas e até misteriosas, mas, do ponto de vista neurocientífico, elas são fenômenos altamente organizados. Antes mesmo de termos consciência do que estamos sentindo, o cérebro já avaliou estímulos, acionou circuitos neuronais e liberou substâncias químicas que moldam nossa experiência interna.
Para Adriel Silva, psicanalista e mestrando em neurociências, entender melhor esse mecanismo ajuda a entender por que reagimos às coisas, como reagimos às coisas e como regular melhor nossas respostas emocionais.
“O processo começa quando um estímulo externo ou interno, uma lembrança, um olhar, uma frase, um cheiro, é captado pelos sentidos”.
“Essa informação rapidamente chega ao tálamo, uma espécie de central de triagem do cérebro. De lá, segue para regiões especializadas, entre elas a amígdala, que funciona como um radar emocional. É ela que detecta se algo representa ameaça, segurança, prazer ou desconforto. Essa avaliação ocorre em frações de segundo e, muitas vezes, antes da percepção consciente”, explica.
Várias áreas em prol de um sentimento
Quando a amígdala interpreta um estímulo como relevante, ativa diferentes sistemas do organismo. No medo, por exemplo, o corpo libera adrenalina, acelera os batimentos cardíacos e coloca o organismo em estado de alerta.
No carinho, em contrapartida, hormônios como oxitocina e dopamina entram em cena para gerar bem-estar e sensação de vínculo.
“As emoções são mais químicas do que costumamos imaginar. Grande parte do que chamamos de sentir é, na prática, uma combinação de neurotransmissores e hormônios que modificam nosso corpo e nossa percepção.”, reforça Adriel Silva.
A razão também faz parte da emoção
Apesar da rapidez das respostas emocionais, o cérebro racional também participa do processo. O córtex pré-frontal, área responsável por planejamento, análise e tomada de decisões, atua como um modulador. Enquanto a amígdala reage, o córtex interpreta a situação com mais calma, revisa memórias, compara experiências e avalia se aquela reação inicial faz sentido.
“Esse diálogo interno determina se vamos reforçar a emoção, reduzi-la ou transformá-la. É por isso que conseguimos, por exemplo, acalmar-nos depois de um susto ou mudar a forma como sentimos algo após refletir sobre a situação”.
“A neuroplasticidade, porém, mostra que esse sistema não é fixo. O cérebro pode reorganizar conexões e criar novos caminhos emocionais quando somos expostos a experiências diferentes, terapia, autoconsciência ou práticas de regulação emocional”, reforça Adriel SIlva.
Sobre Adriel Silva
Adriel Silva (Adriel Pereira da Silva) é psicanalista, escritor, pesquisador e palestrante, com formação em Física pela Unisinos e MBAs em Gestão de Projetos e Pessoas. Atualmente, cursa Psicologia na Uniftec e um mestrado em Neuropsicologia pela Universidad Europea del Atlántico. É Gestor de Projetos Científicos do CPAH – Centro de Pesquisa e Análises Heráclito, atuando em projetos como Gifted Debate, Neurogenomic, RG-TEA, entre outros. Trabalha como Senior Technical Support na SAP Labs Latin America e foi líder de CSR por cinco anos. Membro da Mensa Brasil e do CPAH, apresenta seminários e participa de grupos de pesquisa. Possui dupla excepcionalidade, sendo superdotado e autista, e é autor de livros que exploram neurodiversidade e desenvolvimento infantil.