Produtividade Invisível: O que Realmente Faz uma Equipe Render no Brasil?

Por AILTON VENDRAMINI *

A produtividade das organizações brasileiras frequentemente é discutida em termos de horas trabalhadas, metas entregues e controle de jornada. No entanto, o que permanece muitas vezes invisível é aquilo que, de fato, sustenta o alto rendimento no cotidiano: foco, clareza organizacional, qualidade nos processos internos e pensamento estratégico. Em vez de discursos vazios sobre “trabalhar mais”, deveríamos estar debatendo o que impede o trabalhador de ser mais produtivo — interrupções inúteis, reuniões mal planejadas(sem pauta prévia), sistemas mal integrados, ambientes físicos desorganizados e falta do 5s.

A verdadeira revolução da produtividade começa com um novo tipo de liderança, capaz de enxergar o tempo como ativo estratégico. Em empresas onde decisões simples demoram semanas por excesso de burocracia ou falta de autonomia, o talento se esgota rapidamente. Cada minuto perdido com retrabalho, arquivos duplicados ou solicitações que circulam sem padronização custa caro à cultura organizacional. Não é por acaso que as empresas mais ágeis do mundo investem obsessivamente em boas práticas operacionais, automação inteligente e canais de comunicação fluida. Além disso, resoluções provenientes de reuniões da alta gestão são repassadas na velocidade da luz para as camadas inferiores e sempre alinhadas com o propósito a organização.

É interessante como em organizações calcificadas, respostas comuns, normalmente são:- Isso é com o fulano, só ele pode resolver.

Ajustes simples, como a ergonomia da estação de trabalho, o posicionamento da tela e até a configuração de brilho, contraste e temperatura de cor do monitor, podem gerar ganhos perceptíveis. Para quem possui maior sensibilidade ocular — como é comum entre pessoas de olhos claros — esses cuidados são ainda mais críticos, impactando diretamente na concentração e no bem-estar ao longo do expediente. A produtividade começa onde ninguém olha: no conforto, na luz correta, no ruído controlado e na previsibilidade do dia.

Se o Brasil deseja competir no cenário global com inteligência e eficiência, não bastará cobrar esforço. Será necessário cultivar ambientes onde o tempo do servidor, do analista, do programador e do gestor seja respeitado como um recurso nobre. Produtividade não é suor — é sistema e está assentado num pensamento estratégico.

O ditado popular sacramenta: “O primeiro passo é 50% da caminhada”. Todavia, lembremos, esse passo deve ser dado na direção correta.

* AILTON VENDRAMINI, Engenheiro eletrotécnico com 40+ anos no setor privado (ABB, VA TECH, Schneider, Veccon etc.), liderando contratos e grandes projetos. Experiência executiva no Brasil e exterior. Hoje, Diretor de Dados & Estatística e DPO de Hortolândia, à frente de LGPD e projetos de dados/IA. Articulista e consultor; MBA USP, pós-graduações FGV e especialização em Big Data.

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