Vestibular com propósito: 5 instituições que usam entrevista individual no processo seletivo para o acesso ao Ensino Superior
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Modelos inovadores valorizam competências socioemocionais e projeto de vida dos candidatos, indo além das notas das provas
O vestibular ainda é, para milhões de jovens, um rito de passagem marcado por ansiedade, competição e foco em acertos de prova. Mas, um novo modelo começa a ganhar força: o da seleção com propósito. Nele, entrevistas individuais integram o processo seletivo para acesso para o ensino superior e ajudam a identificar não apenas o que o candidato sabe, mas quem ele é, como aprende e por que quer estudar.
Ao colocar o estudante no centro do processo, essas instituições desafiam o modelo tradicional — baseado na memorização e na nota de corte — e priorizam a escuta, a trajetória pessoal e o reconhecimento de potenciais que as provas padronizadas não revelam.
Segundo o professor José Motta Filho, da pós-graduação em Educação da PUC-RS, “os vestibulares tradicionais ainda ordenam candidatos, mas não reconhecem integralmente seus potenciais. Medem conhecimentos, mas pouco captam valores, atitudes e projetos de vida”. Ele observa que as entrevistas “permitem enxergar o estudante como sujeito em processo de construção, e não apenas como um número em uma lista de classificação”.
Comuns em universidades dos Estados Unidos e do Canadá, as entrevistas individuais começam a se firmar também em vestibulares brasileiros.
1. Albert Einstein (SP)
Reconhecida pela excelência em Medicina e Ciências da Saúde, a Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein adota um formato inspirado nas “mini entrevistas múltiplas” de universidades canadenses. Os candidatos enfrentam situações simuladas e passam por entrevistas curtas e temáticas, que avaliam empatia, pensamento crítico e tomada de decisão ética.
2. Ibmec São Paulo (SP)
Com foco em negócios, economia e direito, o Ibmec incorporou entrevistas e dinâmicas de grupo ao vestibular. A meta é observar habilidades de comunicação, colaboração e iniciativa. As entrevistas complementam a avaliação acadêmica e ajudam a verificar o alinhamento entre o projeto pessoal do aluno e a proposta pedagógica da instituição.
3. ESPM (SP)
Durante a pandemia, a Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) passou a realizar entrevistas on-line. Os candidatos eram convidados a falar de suas referências culturais, experiências e objetivos profissionais. O sucesso da iniciativa levou a instituição a manter o formato nos cursos de comunicação, marketing e design — áreas em que a expressão pessoal e o raciocínio criativo são determinantes.
4. Faculdade Donaduzzi (PR)
Localizada no Parque Tecnológico Biopark, em Toledo, a instituição lançou em 2025 um processo seletivo com oito etapas — entre elas, entrevista individual, testes cognitivos e dinâmica de grupo. Inspirado em modelos de Harvard e Stanford, o vestibular da Donaduzzi avalia competências cognitivas e socioemocionais, além do potencial de aprendizagem.
“Com um processo completo e individualizado, respeitamos o ritmo, os talentos e o propósito de vida de cada estudante”, destaca Dayane Sabec Pereira, gerente acadêmica. Ela acrescenta que a seleção mais criteriosa e humanizada reduz a evasão e identifica os candidatos que realmente estão preparados para a proposta pedagógica da instituição, que tem mais de 90% dos acadêmicos empregados desde o primeiro ano da graduação.
5. Insper (SP)
O Insper inclui entrevistas e etapas orais para a seleção em cursos como Engenharia e Administração. A avaliação analisa postura, ética, criatividade e clareza de objetivos. O modelo segue rubricas específicas e avaliadores capacitados, garantindo equidade no processo.
Um caminho mais humano e assertivo
A inclusão da entrevista não elimina os critérios acadêmicos. Amplia o olhar sobre o candidato e traz resultados em engajamento, permanência e desempenho.
Para o professor José Motta Filho, a mudança representa uma virada no ensino superior brasileiro. “Estamos saindo de um modelo que mede o que o aluno decora para outro que compreende o que ele sonha e o que pode construir”, analisa. Em sua avaliação, a entrevista individual “traz de volta o sentido de propósito à educação, ao permitir que a universidade selecione não apenas quem sabe mais, mas quem quer aprender melhor”.
Para a especialista em inovação educacional Betina von Staa, doutora em Linguística Aplicada, a evolução aponta para o futuro da educação superior. “Avaliar apenas conteúdo é uma prática limitada. Ao diversificar as formas de ingresso, a instituição amplia sua capacidade de atrair estudantes com perfis, histórias e talentos diversos. Assim, compõe um alunado mais plural e conectado ao mundo real — como já fazem universidades de excelência nos Estados Unidos e na Europa”, afirma.
Sobre a Faculdade Donaduzzi
Inserida no coração do Parque Tecnológico do Oeste do Paraná – Biopark, a Faculdade Donaduzzi fica a cerca de 16 km do centro de Toledo (PR), em uma área de mais de 5 milhões de m² dedicada à tecnologia, à pesquisa e ao ensino.
Fundada em 2016, junto com o Biopark, pelo casal Carmen e Luiz Donaduzzi, a instituição nasceu com o propósito de enfrentar a falta de mão de obra especializada nas Ciências da Vida e integrar teoria e prática em um único ambiente.
Em 2021, com a formatura das primeiras turmas, a faculdade conquistou nota máxima (5) no credenciamento do Ministério da Educação (MEC). Hoje, mais de 70% dos cursos são reconhecidos pelo MEC com nota máxima e próxima disso, consolidando a instituição entre as melhores do Brasil.
A Faculdade Donaduzzi oferece oito cursos de graduação: Administração, Análise e Desenvolvimento de Sistemas, Ciência de Dados, Ciência e Tecnologia, Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia, Engenharia de Software, Farmácia e Inteligência Artificial.
De acordo com o vice-presidente do Biopark, Paulo Roberto Rocha, um dos principais diferenciais da instituição está nas metodologias personalizadas aplicadas desde os primeiros semestres, com aprendizagem baseada na resolução de problemas e projetos desenvolvidos em empresas do próprio parque tecnológico. Há também forte integração com o mercado de trabalho: mais de 90% dos alunos estão empregados ou estagiando desde o primeiro ano da graduação.
A faculdade dispõe de laboratórios de ponta — como os de biomateriais, queijos finos e multiusuários —, biblioteca, auditório, salas de conferência e restaurante universitário. Na pesquisa, atua em parceria com instituições como a Embrapa, com quem divide a Unidade Mista de Pesquisa e Inovação (UMIPI), desenvolvendo projetos voltados para agronegócio, piscicultura, reúso de água e análise de efluentes.
“A conexão com mais de 200 empresas, os projetos que unem ciência e comunidade, o reconhecimento do MEC e os altos índices de empregabilidade fazem da Donaduzzi uma referência nacional. A instituição transforma uma área agrícola em polo de inovação e desenvolvimento regional”, resume Rocha.
O edital completo do processo seletivo está disponível neste link.