Obra brasileira conquista prêmio internacional no maior evento de séries do mundo

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Projeto apresenta cultura brasileira do Samba e do Carnaval

A série K-Gods (Korea+pagode), de Tamiris Hilário, foi premiada este mês no Rio de Janeiro pelo Series Mania Institute, em seu primeiro workshop fora da Europa. Series Mania é o maior evento de obras seriadas do mundo e a ação faz parte do seu pilar educativo. Resultado de uma apresentação realizada para diferentes profissionais do mercado, especialistas brasileiros e europeus, K-Gods viajará para Lille, na França, em março de 2024, para compartilhar sua história e mais da cultura brasileira neste evento global.

“O prêmio do Series Mania Workshop não estava previsto. Os avaliadores, educadores e parceiros, contudo, entenderam que K-Gods tinha os predicados necessários para ocupar o palco da próxima edição. Daí nos presentearam com os custos de passagens, hospedagens e credenciais para estar no evento fazendo a história reverberar. O mais bacana é que o Series Mania homenageará a Coréia do Sul em 2024, trazendo delegação e elementos em toda a sua programação que relacionados ao país. Portanto, K-Gods será apresentado para uma audiência muito especial, com a possibilidade de firmarmos um acordo de co-produção internacional interessante para o projeto”, comemora.

O programa foi concebido, organizado e ministrado pelo Series Mania Institute, braço do Festival Series Mania, com apoio da RioFilme, e é resultado de uma parceria entre Projeto Paradiso, SICAV, Institut Français de Paris e Embaixada da França no Brasil, Festival do Rio, RioMarket e FIRJAN.

“Foi bastante surpreendente! Confiávamos que o projeto era bom, obviamente, mas também tínhamos um entendimento de que talvez fosse necessário percorrer mais laboratórios, como processo natural de polimento de qualquer ideia, antes de ocupar um palco com players de todo o mundo! O workshop foi bastante importante, aliás, para entendermos a receptividade do mercado local e internacional em relação às nossas apostas temáticas. Para todos os envolvidos, a conquista só reforça a ideia de que novos talentos precisam de tempo, recursos e oportunidades para cuidar de seus projetos pessoais, estes com potencial beleza. Espaços como o SerieMania são importantes neste sentido”, comenta Tamiris Hilário.

A série K-Gods conta a história de um jovem negro, cuja família comanda um barracão de uma escola de samba de sétima divisão, e de um jovem brasileiro filho de sul-coreanos, que canta pagode. Juntos, eles têm a missão de fazer um samba-enredo com o tema “Filmes de Terror Coreano” e colocar o Carnaval na avenida. Com K-Gods, Tamiris Hilário pretende abordar o respeito à diversidade e às diferenças, mas também chamar a atenção para que temas que levam o Brasil mundo afora sejam mais representados no audiovisual a partir de vozes plurais.

“Adoro personagens não óbvios e deslocados do imaginário comum que temos sobre este ou aquele marcador social e os estereótipos que costumam ser atribuídos aos mesmos. Neste sentido, Zé e Samuel, nossos protagonistas, têm algo de mim. Além disso, K-Gods responde a uma inquietação latente que passou a me provocar: somos reconhecidos internacionalmente em certos territórios temáticos – a música, por meio do samba; as festividades, por meio do Carnaval; o esporte, por meio do futebol – entretanto, temos pouquíssimos produtos ficcionais a respeito desses temas e, principalmente, a partir do nosso olhar e da nossa voz. São estes campos de conflitos e, portanto, de dramaturgia, que podem ir para as telas com muita qualidade e com uma imagem mais adequada sobre quem somos ou queremos nos tornar”, explica.

K-Gods é uma série desenvolvida pela Laroyê Encruza Produções, empresa audiovisual criada por Tamiris Hilário, e produzida pela Arruda Filmes, tendo à frente da produção e como head internacional Bartolomeu Luiz, na produção criativa Carol Aó, além da produção executiva de Emanuela Moura.

“Uma vez que o Series Mania tem isto como foco, vale dizer que consideramos a co-produção internacional uma possibilidade bastante relevante para o desenvolvimento de projetos locais, especialmente neste mundo transfronteiriço e hiperconectado, e sobretudo após o sucateamento do nosso audiovisual nos últimos anos embora estejamos nos recuperando. Ao unir forças com diferentes países e culturas, conseguimos ampliar a perspectiva artística de um projeto, trazendo diversidade de ideias, estilos e abordagens que enriquecem a narrativa, a produção e a experiência do espectador. Essa troca de conhecimento entre profissionais de diferentes origens pode enriquecer K-gods de forma única, trazendo ainda mais resultados positivos ao que ele pretende ser. Em 2024, no Series Mania, buscaremos entender as especificidades do mercado internacional que respeitem as premissas do projeto e apontem para parcerias sólidas e longevas”, comenta Bartolomeu Luiz.

Sobre Tamiris Hilário

Tamiris Hilário é Head de Branding e Comunicação na Diversitera, organização orientada à promoção da diversidade, equidade e inclusão no mercado de trabalho, em que também é palestrante sobre Raça & Etnia e Sistemas de Crença e Intolerância Religiosa.

Com formação interdisciplinar, Tamiris é bacharel em Relações Internacionais (UNESP), pós-graduada em Comunicação e Cultura (USP) e Roteirista (AIC/SP|EICTV/Cuba). Iniciou a carreira no audiovisual como assistente de produção no filme “Êxtase” (Busca Vida); esteve roteirista na obra seriada “De Menor” (Tangerina Filmes), derivação do longa de mesma autora; esteve à frente da sala de roteiro da série documental “Todo dia Tem Seu Racismo” (Oxalá Produções); colaborou no desenvolvimento do projeto de novela “Pura Ilusão” (Primo Filmes/Netflix); também para a websérie Sound Preto (Batekoo/Zeferina Filmes); fez parte da sala do documentário “Quase da Família”, cujo desenvolvimento foi contemplado pelo fundo William Greaves (OperaHaus); executou trabalhos para as redes sociais, roteirizando o Criadores Zyn e Black Authors (Meta/Kroon); desenvolveu o longa “Dolores”, ao lado de Marcelo Gomes e Maria Clara Escobar (19 Produções).

Foi uma das selecionadas do Colaboratório Criativo (atual Segundo Ato), incubadora de showrunners negros promovida pela Netflix. Foi reader (parecerista) para o mesmo player. Nação Favela, projeto de obra seriada, foi primeiro colocado no festival Zózimo Bulbul em 2019. Casa do Céu, projeto infantojuvenil autoral, venceu o mesmo prêmio de desenvolvimento e participou do Núcleo de Desenvolvimento “Diaspóricas”, contemplado em edital da SPCine 2021/22, sendo também terceiro colocado no Cabíria em sua categoria. É sócia-fundadora da Laroyê Encruza Produções. Atualmente integra o secretariado da ONU Mulheres em uma iniciativa que observa as questões de gênero no audiovisual. 

Sobre Bartolomeu Luiz

À frente da Arruda Filmes, Bartolomeu Luiz dedica-se à produção de narrativas cuja autoria são vozes dissidentes. Iniciou sua carreira em 2014, trabalhando na produção de filmes independentes e como assistente de direção de projetos premiados como “A Vida Invisível”, de Karim Ainouz, e “Medida Provisória”, de Lázaro Ramos. Entre 2019 e 2020, atuou como assistente criativo na Netflix, onde foi um dos fundadores dos grupos de afinidade Black@ e Pride@. Em 2021, tornou-se assistente de direção na TV Globo, cargo que ocupou até 2023. Em 2022, foi reconhecido como Talent Paradiso por meio do programa Creative Producer Indaba do Realness Institute. Em 2023, assumiu a presidência da Associação de Profissionais Trans na Indústria Audiovisual, reafirmando seu compromisso com a diversidade, a equidade e a inclusão no mercado cinematográfico.

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