Tecnologias factíveis e humanização ditam o varejo 2022

A 112ª edição do Retail’s Big Show, maior evento de varejo do mundo, realizado pela National Retail Federation (NRF), em janeiro deste ano, em Nova York, apresentou as principais tendências e insights para o setor, em 2022. Em pauta, o aperfeiçoamento na experiência de compra do consumidor, por meio da adoção de tecnologias, a responsabilidade para com os impactos ambientais e as competência para criar um ambiente de trabalho diverso.

A geração Z já representa 40% dos consumidores globais, segundo a consultoria WGSN. São pessoas que convivem com o online praticamente desde que nasceram e não veem barreiras entre o físico e o digital. Eles se comunicam, trabalham, estudam, se divertem e compram no universo phygital. Nessa nova jornada de compras, as lojas físicas servem como um centro de relacionamentos, de experiências e de logística e serviços, além de um suporte ao last mile (a última etapa de um processo de transporte, ou seja, a entrega). 

Ganham projeção tendências como o metaverso, as live commerces e as redes sociais. Segundo pesquisa da Comscore, o Brasil é o país mais influenciado pelas redes sociais do mundo. A penetração das redes atinge 97% dos consumidores brasileiros. O metaverso, ambiente online imersivo nascido nos games, se consolida como uma das tendências mais promissoras para o varejo. Gigantes do mercado, como Gucci, Stella Artois, Nike e Estée Lauder já desenvolvem itens digitais, de valor e certificados, para uso nessa espécie de realidade paralela, onde as pessoas se relacionam por meio de avatares.

É fato que investir no metaverso ou em um robô que faz inventário do estoque da loja enquanto promove uma limpeza geral do piso – como o apresentado na NRF pela Brain Corp – ainda não faz parte da realidade de 1,285 milhão de micro, pequenas e médias empresas de varejo no Brasil (dado da Fecomércio para o PEGN). No entanto, existem tecnologias “pé no chão” e tendências que são protagonistas de aceleração e de transformações no varejo, como os live commerces, por exemplo, que são transmissões ao vivo com promoções de produtos, entretenimento e vendas. Na China, berço dessa modalidade, ela movimentou cerca de US$ 200 bilhões em 2020 e, até 2027, a previsão é de atingir US$ 600 bilhões em nível global (segundo a Researches and Markets).

Soluções existem, basta abraçar àquela que agrega mais valor à sua empresa. Há, por exemplo, uma inovação para terminal de autopagamento que aceita dinheiro, o que seria um diferencial e tanto para os negócios, já que 99% dos self-checkouts funcionam com cartão, devido à dificuldade com o troco. Muito além das tecnologias disruptivas, o evento destacou as características inerentes à atividade do varejo atual, como o ESG (Environmental, Social and Governance, ou, ambiental, social e governança, em português), e a DE&i (Diversidade, Igualdade e Inclusão). Com a pandemia, o consumidor passou a valorizar ainda mais as causas relevantes e humanitárias e a distinguir o que é puramente marketing do que é verdadeiro. Por fim, lembro que mudanças exponenciais requerem líderes com novas competências. A máxima “Manda quem pode, obedece quem tem juízo” não funciona mais. No mundo híbrido atual, só lidera quem influencia e só engaja quem tem um propósito claro e definido. 

Adriana Flosi

Secretária de Desenvolvimento Econômico de Campinas 

Presidente da Associação Comercial e Industrial de Campinas (ACIC)

Vice-presidente da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp)

Vice-presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Campinas (CDL)

Participante do Retail’s Big Show desde 2010

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