Chocolate: preferência nacional pode prejudicar a visão
Pesquisa mostra que só 9% dos brasileiros apreciam o chocolate amargo que faz bem aos olhos.
Pesquisa divulgada pela ABICAB (Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas) mostra que no Brasil 9% % da população tem preferência pelo chocolate amargo, 42% preferem o chocolate ao leite, 31% o meio amargo e 18% o chocolate branco. Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier de Campinas, significa que a preferência nacional pode prejudicar a visão por conter bastante gordura e açúcar, especialmente o chocolate branco que não contém cacau.
A boa notícia para os chocólatras é que o tipo amargo é um aliado da saúde ocular. Isso porque, um estudo publicado no JAMA, jornal da Associação Americana de Medicina, mostra que contém de 70% a 100% de cacau e concentra mais polifenóis, substância que mantém as artérias flexíveis. O oftalmologista afirma que por isso melhora a circulação, inclusive nos finos vasos da retina, diminuindo o risco de DMRI (Degeneração macular Relacionada à Idade), maior causa global de perda irreparável da visão. Dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) mostram que no planeta 195,6 milhões de pessoas têm DMRI. A estimativa do CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia) do qual o médico faz parte é de que atinge 3 milhões de brasileiros com mais de 65 anos.
Queiroz Neto explica que a DMRI altera a mácula, porção central da retina, responsável pela visão de detalhes e no início pode passar despercebida. “O primeiro sinal de alerta é enxergar tortuosidade em linhas retas, como por exemplo em molduras ou na faixa das rodovias. A alteração indica consulta de emergência com um oftalmologista”, salienta. A boa notícia é que o acompanhamento oftalmológico pode impedir a perda da visão. “O tratamento é feito com aplicação de laser para secar neovasos que se formam na retina e injeções intravítreas”, salienta.
Catarata
O oftalmologista afirma que o chocolate amargo também é rico em flavonoides, um potente antioxidante que combate a formação de radicais livres. Por isso, adia a formação da catarata, opacificação do cristalino, geralmente relacionada ao envelhecimento. O nosso organismo, comenta, produz radicais livres o tempo todo. Por isso, não tem como evitar a catarata. “Mas se utilizarmos um mecanismo que os elimine, evitamos que a lente interna do olho fique embaçada precocemente” afirma. Quando a catarata se forma não existe medicamento que devolva a transparência ao cristalino O único tratamento é a cirurgia em que é substituído por uma lente intraocular para evitar a perda da visão.
Menor risco de retinopatia diabética
Queiroz Neto destaca que há evidências científicas de que o consumo diário de chocolate amargo também diminui a resistência à insulina em diabéticos do tipo 2 que respondem por 90% dos casos da doença. Por isso, o alimento evita a retinopatia diabética neste grupo. O sinal da retinopatia é a formação de manchas na visão. “Isso acontece pelo acúmulo de glicemia na corrente sanguínea que obstrui os vasos da retinia e leva à formação de neovasos”, explica. O tratamento é similar ao da degeneração macular – aplicação de laser e injeções antiangiogênicas.
Apesar de fazer bem aos olhos e até diminuir a depressão por conter tirosina, substância que estimular a produção de endorfina, hormônio da felicidade, o oftalmologista diz que a recomendação é consumir o chocolate amargo com moderação. Até 70 gramas/dia ou quatro quadradinhos de um tablete. Acima disso pode sobrecarregar o fígado, dar náuseas, dor de cabeça e indisposição. “Como diz o ditado popular, a diferença entre veneno e remédio é a dose que pode acabar com sua Páscoa”, conclui.