Ícone dos direitos civis, peça teatral “previu” comportamento de bolsonaristas na pandemia
Cidadãos eram enforcados pelo Estado e gostavam
Vencedora do Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos em 2002, a peça “Quando Dorme o Vilarejo”, do dramaturgo e jornalista José Paulo Lanyi, conta o dia-a-dia de um vilarejo cujos moradores se sentem felizes ao saber que serão enforcados. “Eles não sabem por que serão ‘homenageados’, embora fiquem honrados e torçam por que sejam os próximos escolhidos”, diz o autor. “Infelizmente não é difícil comparar essa atmosfera surreal com a que estamos vivemos nesta pandemia. Milhares de bolsonaristas também estão contentes com o seu governo e não ligam para o fato de que poderão ser os próximos mortos”, acrescenta. “Estranhamente apoiam uma administração que, por sarcasmo, mau exemplo, negacionismo, insensibilidade e omissão de dados, tem dificultado o combate à doença e desprotegido a população, com consequências trágicas”.
ONU e MillôrCom direção de Lilian Grünewald, a peça foi exibida em 10 de dezembro de 2008 no Teatro São Bento, em São Paulo, com entrada franca, em uma apresentação especial para as celebrações dos 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. O espetáculo teve o apoio da ONU. Antes de começar, o público assistiu a um vídeo oficial das Nações Unidas em que o secretário-geral Ban Ki-moon falou sobre a relevância dessa data.
A peça também foi apoiada por várias instituições e entidades de defesa da cidadania, como o Movimento Nacional de Direitos Humanos e as comissões de direitos humanos da Prefeitura de São Paulo, da OAB/SP e da Câmara dos Deputados, Secretaria de Estado da Cultura (SP) e Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo. O cartunista Millôr Fernandes cedeu uma ilustração para o cartaz e os convites do espetáculo.