Programa de Pós-Graduação em Artes da Cena da Unicamp promove o IV Simpósio Internacional Repensando Mitos Contemporâneos, de 02 a 06 de Outubro na cidade de Campinas

O evento conta com a participação de pesquisadores e artistas renomados no cenário nacional e
internacional.

Nos dias 02 e 06 de outubro, o Programa de Pós-Graduação em Artes da Cena da
Unicamp promove o IV Simpósio Internacional Repensando Mitos Contemporâneos.
Na edição deste ano, o evento acontece na Casa do Lago, na ADUNICAMP e no
departamento de Artes Cênicas e Artes Corporais da instituição. A programação
conta com a presença de importantes nomes da cena nacional e internacional em
palestras, mesas, workshops e apresentações/partilhas em teatro, performance e
dança. O tema desta edição é “Artes performativas e formas de vida: Caminhar,
Cozinhar, Sonhar”, e as inscrições para o evento acontecem através da plataforma
digital even3 para envio de artigos acadêmicos e recebimento de certificado de
participação.

Entre os convidados desta edição do Simpósio estão o professor, ensaísta e crítico
de dança, Daniel Tércio Ramos Guimarães (Universidade de Lisboa); Diego Alves
Marques- artista, professor e pesquisador do Coletivo Parabelo; Natasha de
Cortillas Diego, é artista visual e docente associada da Universidad de Concepción
e, desenvolve ações culinárias do ponto de vista das artes visuais, articulando
sistemas de produção local, feiras livres e território, participando e diversos
encontros e exposições tanto no Chile quanto internacionalmente; o artista,
educador, e atualmente professor na University of California Santa Cruz, Jorgge
Menna Barreto, que conduzirá a performance de encerramento do evento e a
pesquisadora Erika Kobayashi, que em sua pesquisa mescla a prática de presença
em artes tradicionais japonesas (especialmente a cerimônia do chá), estudos do
corpo por abordagens somáticas, escuta do tempo, relação do corpo com lugares,
pessoas e escrita. O simpósio ainda conta com a participação da psicóloga,
psicanalista e pesquisadora junto aos povos indígenas, Lucila de Jesus Mello
Gonçalves; da artista visual, curadora e educadora Denise Camargo, que concentra
sua pesquisa em processos artísticos com ênfase na imagem fotográfica. O evento
terá a presença do artista visual, cineasta e docente da Escola de Artes da
Universidade de Concepción (Chile), Francisco Huichaqueo; assim como a
participação de pesquisadores e artistas como Ana Cristina Colla, Ana Maria
Rodriguez Costas, Cassiano Sydow Quilici, Holly Cavrell, Marisa Lambert, e
Verônica Fabrini (UNICAMP/SP).

A programação completa e mais informações sobre o evento podem ser acessados
em https://repensandomitos.wixsite.com/simposio .

PROGRAMAÇÃO COMPLETA
MESA DE ABERTURA
Título: Artes performativas e formas de vida: Caminhar, Cozinhar, Sonhar
Resumo: O desejo de aproximação entre arte e vida, que surge com as vanguardas
históricas no começo do século XX, reaparece no contexto contemporâneo numa
atmosfera, muitas vezes, distópica. A discussão agora gira em torno das
possibilidades das artes semearem experiências que possam produzir marcas e
memórias, estimulando a renovação das formas de vida, em contraponto aos
dispositivos biopolíticos que instrumentalizam os modos de existência (Agamben,
2014). Nesta mesa de abertura, trabalhando com uma noção expandida do fazer
artístico, conectada às práticas cotidianas e suas possibilidades de ressignificação e
potencialização, três pesquisadores convidados e três pesquisadores organizadores
apresentam os eixos temáticos do Simpósio, convidando as/os participantes a
reflexões e atividades artísticas em torno de “ações vitais”, ligadas à alimentação, às
caminhadas e ao aprofundamento da relação com os sonhos.
Palestrantes: Ana Cristina Colla (UNICAMP, BR), Ana Maria Rodriguez Costas
(UNICAMP, BR), Francisco Huichaqueo (UDEC, CHILE), Jorge Menna Barreto
(UCSC, EUA), Verônica Fabrini (UNICAMP, BR)
Data: 04/10/2023, às 09h
Público-alvo: aberto a toda comunidade acadêmica e público em geral.
PRÁTICAS DE ATENÇÃO E SILÊNCIO
Exercícios de atenção e silêncio, envolvendo todos os participantes, baseados em
tradições contemplativas, especialmente o Budismo do Sul da Ásia. Tais práticas
tradicionais são muito eficazes para a interrupção do nosso envolvimento
automático, físico e mental, com o cotidiano, abrindo espaço para uma percepção
mais sutil da realidade e uma disponibilidade de conexão com o outro, estados
estes fundamentais para as investigações propostas nas atividades do Simpósio. A
condução dos exercícios tem como base investigações sobre a relação entre
tradições contemplativas e processos artísticos de criação.
Coordenação: Cassiano Sydow Quilici (UNICAMP, BR)
Período: 4/10 (13h30 às 14h); 5/10 (8h30 às 9h); 6/10 (8h30 às 9h)
Duração: 30 minutos
Público-Alvo: alunos de Graduação e de Pós-Graduação em Artes da Cena
(dança, teatro, performance), professores, pesquisadores, por meio de inscrição
prévia.
WORKSHOPS
Período: 4/10 (13:30h às 17h) e 5/10 (9h às 12h e 13:30h às 17h)
Duração de cada workshop: 3 horas (período da manhã) e 3h e 30min. (período
da tarde)
Público-Alvo: alunos de Graduação e de Pós-Graduação em Artes da Cena
(dança, teatro, performance), professores, pesquisadores, por meio de inscrição
prévia.
Os inscritos serão organizados em 3 grupos de trabalho (Grupo I, II e III) que irão
participar dos workshops nos três eixos temáticos do evento.
Os workshops práticos acontecerão em diálogo com as atividades de cunho mais
reflexivo (palestras e mesas) e serão guiados pelas pesquisadoras e pesquisadores
convidados elencados em cada eixo. As dinâmicas de composição serão múltiplas,
mobilizadas pelo foco de atuação de cada pesquisador/a em conjunto com os
participantes de cada grupo.
⤔ EIXO CAMINHAR ⬹
Em espaços urbanos que privilegiam as máquinas de se locomover, o rebaixamento
simbólico do ato de andar a pé acaba por obscurecer as potências de tal atividade,
quando liberta das pressões da eficiência, da hiper produtividade e dos
enclausuramentos perceptivos. Explorar outros modos de mirar, escutar, estar
atento às múltiplas camadas históricas, sociais e culturais que se tensionam e se
entrecruzam pelos caminhos, fazendo ressoar as paisagens externas e internas,
são algumas das propostas que serão dinamizadas pelos pesquisadores
convidados deste eixo de trabalho. Através do entrelaçamento de saberes
performativos e tradicionais, pretende-se sondar territórios e tempos que coloquem
em questão nossos hábitos e padrões.
Míticas do andar: caminhar sem norte, conduzido por Diego Marques
(UNICAMP, BR)
Resumo: Se andar pelas ruas da América do Sul tem significado enfrentar todo tipo
de medo, é importante lembrar que apenas no Brasil, cerca de 77 milhões de
pessoas declararam sentir algum nível de temor ao caminhar pelas cidades, de
acordo com o último censo publicado pelo IBGE, em 2010. Nesse contexto, a
proposta da aula performática é discutir de que modo o caminhar como prática
estética tem enfrentado o rebaixamento simbólico do ato de andar a pé pelas
cidades, ao promover a desautomatização da percepção corporal cotidiana urbana
conforme cruza práticas artísticas contemporâneas com princípios de
cosmopercepções inerentes a determinados saberes tradicionais. Caminhadas,
travessias, errâncias que tentam interrogar: o que aconteceria se nossos pés
escavassem o asfalto da topofobia até chegar a lugares sonhados onde a terra
ainda pulsa?
Ressonâncias: corpo caminhando com a paisagem, conduzido por Daniel
Tércio (ULISBOA, POR)
Resumo: A ressonância pode ser encarada, não apenas como o mecanismo base
de funcionamento do ouvido humano, mas também como modelo de geração de
conhecimento. Enquanto a razão implica a disjunção entre sujeito e objeto, a
ressonância envolve a sua conjunção, onde a razão exige separação e autonomia, a
ressonância implica adjacência, empatia e o derrubar da fronteira entre quem
percebe e o que é percebido. Partindo da experiência da caminhada, pretende-se
intensificar o andar na paisagem enquanto modo de sentir as paisagens em termos
de emaranhamento perceptivo, ou seja, enquanto modo de fazer ressoar a
paisagem no corpo e com o corpo.
⤔ EIXO COZINHAR ⬹
Como a comida pode servir para repensar nossas ideias sobre a arte e a separação
entre a arte e a vida? Além de uma experiência estética e comum na vida cotidiana,
comer e cozinhar invocam memória, sentimento e pertencimento. A comida fornece
uma ferramenta para a criação de projetos baseados no tempo, que forçam seu
público a pausar e pensar, a reexaminar objetos e atos do dia a dia. Além disso, a
comida ajuda a definir uma cultura e permite a expressão na preparação, tornando a
apresentação dos alimentos uma saída criativa. Questionar e experimentar nossos
hábitos alimentares, sua conexão com nossas memórias, grupos a que
pertencemos, trajetórias de vida e nossa relação com o meio ambiente são alguns
tópicos a serem trabalhados com os pesquisadores que conduzirão este eixo de
trabalho.
Patrimonio culinario y sus memorias afectivas, conduzido por Natascha de
Cortillas Diego (Universidad de Concepción, CHILE)
Resumo: Propõe um diálogo culinário que se instala como mediador entre a arte, o
território e as atividades sociais periféricas, muitas vezes minimizadas,
abandonadas ou esquecidas pelos modelos totalizantes das práticas culturais.
Compreender as transferências culinárias como uma plataforma de colaboração e
participação social que busca equilibrar os grandes paradoxos da cena
contemporânea globalizada, por meio do reconhecimento e visibilidade de projetos
de artistas latino-americanos que trabalham a alimentação como elemento central
na produção de obras.
Performatividades Viscerais, conduzido por Jorgge Menna Barreto (University
of California Santa Cruz, BR/EUA)
Resumo: Praticando as artes de notar, investigaremos o nosso entorno em busca
de matinhos comestíveis para o preparo dos sucos específicos. Ao ingerí-los,
buscaremos perceber a coreografia interna dos nossos órgãos compondo com as
bebidas degustadas. Cultivaremos assim a sensação de nossas microvilosidades
intestinais enquanto tentáculos, que ao se relacionarem com esses alimentos,
também se alongam vigorosamente até a paisagem que os tornaram possíveis.
Usaremos os conceitos de escultura ambiental, exercício crítico-metabólico,
participação celular, veganismo e ativismo alimentar para lubrificarmos nossas
línguas e aquecermos o debate sobre as possíveis relações entre os uso da terra
em arte e em agroecologia.
O caminho da Camellia sinensis da terra ao corpo, conduzida por Erika
Kobayashi (BR)
Resumo: Em torno da planta Camellia sinensis (planta a partir do qual se processa
o chá verde), seus aspectos sensoriais, botânicos e culturais, serão propostas três
atividades. [1] SEMENTE – Cultivar a presença em práticas corporais que ativam os
sentidos e experimentação de movimentos documentados na colheita e
processamento do chá verde. Temas abordados: memórias, afeto, natureza,
ancestralidade. [2] BROTO – Criação coletiva do altar no espaço em que vai
acontecer o chá em performance. Evocação de intenções (sonho coletivo) em
experiência artística compartilhada a partir de um olhar contemporâneo sobre a
cerimônia do chá. [3] PLANTA – Degustação guiada a partir da preparação da
bebida em conjunto e exploração da forma como a planta se expressa em diversos
aspectos: técnico, sensorial, vibracional.
⤔ EIXO SONHAR ⬹
O sonhar e a partilha dos sonhos como método de conhecimento do mundo. A
dimensão comunitária do sonho – campo de enraizamento, interação e empatia
com o coletivo. Sonhar como percepção do invisível, como o avesso do que é
familiar. A prática do sonhar como um oceano de recombinações possíveis entre
passado, presente e futuro. Construção de dispositivos que aproximam a atividade
onírica do saber fazer arte. Como o sonho se insere no seu projeto criativo?
Encontros oníricos, conduzido por Lucila de Jesus Mello Gonçalves (Instituto
Sedes Sapientiae, BR)
Resumo: A partir de sua experiência como psicanalista, psicóloga e estudiosa das
práticas do sonhar entre os Kamaiurás, o sonho será abordado em sua dimensão
pessoal e coletiva. A primeira parte da prática evoca a memória e a contação de
sonhos, construindo um tecido onírico gerador de vínculos. Segue- se a ampliação
das imagens narradas e por meio de práticas corporais, serão experienciados
estados de devaneio e estados oníricos, visando a manifestação de uma qualidade
especial de comunicação, nomeada por Gonçalves como “Comunicação silenciosa”,
assim como a objetivação destes em práticas expressivas como a cena, o gesto, a
dança, a performance, a instalação. O artista visual e cineasta Francisco
Huichaqueo, trará sua contribuição na passagem das imagens oníricas às
configurações cênicas-performativas, cartografando o sonho como método, segundo
o pensamento mapuche.
La imagen antes de la imagen, conduzido por Francisco Huichaqueo Pérez
(UDEC, CL)
Resumo: Fruição de trechos de vídeos e fotografia do artista, seguidos de
discussão acerca das relações entre territórios de imaginário, com destaque para a
cosmovisão e cosmopercepção mapuche. Reflexão sobre imagem e paisagem
social, histórica e cultural, a partir das múltiplas dimensões do sonhar mapuche, de
sensibilização, percepção e ativação do imaginário onírico pessoal e seus
atravessamentos culturais. Confluências entre o sonho como registro e a arte como
registro do sonhado.
Caminharcomersonhar: modos de percepção e comunidades temporárias
(registros performativos), conduzido por Denise C. F. de Camargo (UNB, BR)
Resumo: Apreciação de exemplos de “livro-de-artista” e discussão sobre modos de
registro de processo nas artes vivas, seguida da ativação do imaginário onírico,
tomando como dispositivos de devaneio as imagens fotográficas da artista.
Corporificação, objetivação das imagens em transposições cênico- performativas e
poéticas transversais. Reflexão sobre modos de criação no contexto afro-brasileiro e
o papel dos sonhos nesse contexto.
PALESTRA
Caminhar e ressoar a paisagem
Palestrante: Daniel Tércio (ULISBOA, POR)
Resumo: o professor, ensaísta e crítico de dança, Daniel Tércio irá aprofundar o
tema Ressonâncias: corpo caminhando com a paisagem desenvolvido em seu
workshop, contextualizando-o no bojo das pesquisas que vêm desenvolvendo em
Portugal, a última delas intitulada TEPe, em parceria com a Universidade Federal do
Ceará, sob a epígrafe “A Cidade, o Corpo e o Som”.
Data: 4/10, às 18h30
Público-Alvo: alunos de Graduação e de Pós-Graduação em Artes da Cena
(dança, teatro, performance), professores, pesquisadores, por meio de inscrição
prévia.
seguida de prática experimental
MESA
Conversas sobre o sonhar
Integrantes: Denise C. F. de Camargo (UNB, BR), Francisco Huichaqueo (UDEC,
CHILE), Lucila de Jesus Mello Gonçalves (Instituto Sedes Sapientiae, BR)
Mediação: Marisa Lambert (UNICAMP, BR) e Verônica Fabrini (UNICAMP, BR)
Data: 5/10, às 18h30
Público-Alvo: alunos de Graduação e de Pós-Graduação em Artes da Cena
(dança, teatro, performance), professores, pesquisadores, por meio de inscrição
prévia
ENCONTRO DOS GRUPOS DE TRABALHO
Momento dedicado à observação e análise dos registros realizados ao longo dos
workshops nos três eixos temáticos do Simpósio. Cada um dos grupos irá se
dedicar a sistematizar seu percurso experiencial e investigativo para apresentar –
performativamente – uma síntese aos demais.
Coordenação geral: Denise Camargo (UNB, BR)Mediadores: pesquisadores
organizadores e pesquisadores convidados
Data: 6/10 das 8h30 às 12h
Público-alvo: Participantes dos Grupos de Trabalho I, II e III.
COMPARTILHAMENTOS DAS PESQUISAS (GTs)
Momento dedicado às apresentações performativas (prático-reflexivas) dos Grupos
de Trabalho (Grupos I, II e III) seguida de uma conversação entre os participantes,
mediada por pesquisadores da comissão organizadora e pesquisadores convidados.
Mediação: pesquisadores organizadores e pesquisadores convidados
Data: 6/10, das 14h às 17h
Público-alvo: Participantes dos Grupos de Trabalho I, II e III.
PERFORMANCE – ENCONTRO DE ENCERRAMENTO
Sopa da Biodiversidade, conduzida por Jorgge Menna Barreto (University of
California Santa Cruz, EUA)
Resumo: A Sopa da Biodiversidade é uma performance em que preparamos uma
sopa com todos os ingredientes que são regionais e sazonais do lugar do preparo.
Funciona como uma “fotografia da paisagem” para ser lida por nossas vísceras. As
sopas podem ser pratos muito inclusivos, tanto em termos da quantidade de
ingredientes que pode incluir, como da quantidade de pessoas que pode alimentar.
Data: 6/10 das 18h30 às 20h30
PERFORMANCE
Chá de Cigarra – onde não caibo mais, com Erika Kobayashi (BR)
Resumo: A artista se propõe a investigar o que carrega em termos de
ancestralidade. O que é molde e o que a molda, deformidades e deslocamentos. O
que ela projeta e o que nela é projetada das imagens e estereótipos da mulher
amarela. O que cria, recria, inventa e fabula. Ritual dança entre sorver e servir se
nutre da documentação em corpo de gestos da colheita e de fazer o chá.

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