Exposição em Campinas traz à tona vida em isolamento de pessoas com hanseníase

Mostra reúne fotos e vídeos captados em espaço considerado um dos mais importantes no estado de São Paulo a atenderem pacientes com a doença

Com o objetivo de trazer à tona a vivência de pessoas com hanseníase e promover reflexões, a exposição “A Cerejeira não é Rosa – vivência poética no Asilo-Colônia Pirapitingui” será aberta na próxima terça-feira, 19 de setembro, no Campus I da PUC-Campinas. A iniciativa acontece em parceria com o Museu Universitário da PUC Campinas e o Sistema de Bibliotecas e Informação da mesma instituição.  A entrada é gratuita. O projeto foi contemplado pelo ProAC (Programa de Ação Cultural) e é realizado pelo Governo do Estado de São Paulo; Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas; e Engenho Cultural.

A mostra reúne fotografias e vídeos captados por Flávio Torres com o intuito de fomentar o ensino, a cultura e a arte e combater o preconceito e o desconhecimento quanto a uma doença que ainda existe nos dias atuais. A curadoria é de Tânia Lima Barreiro, com pesquisa de Renata Gava, montagem de Esdras Casarini e expografia de Rodrigo Santos.

A exposição itinerante evidencia as experiências de pessoas que foram internadas compulsoriamente para tratar a hanseníase no antigo Asilo-Colônia Pirapitingui, que iniciou suas atividades em 1931 no município de Itu (SP) para tratamento da doença, vista com preconceito no período, o que fez com que fosse imposto isolamento aos doentes. No local em Itu, os pacientes geravam relações sociais entre si, motivadas, muitas vezes, pela perda de contato com os familiares.

Na época, em que não havia tratamento e a forma de contágio era desconhecida, os doentes, chamados de “leprosos” eram alvo de repulsa e considerados pessoas “amaldiçoadas”. Uma vez contaminadas, muitas pessoas eram rejeitadas pelas famílias e acabavam deixando suas residências e sobrevivendo às custas de esmolas.

“A exposição vem para trazer à tona e relembrar pessoas que carregam consigo histórias marcantes que tocarão o público, por meio das artes visuais e em simbólicos reconhecimento e salvaguarda de contextos de vida tão marcantes, significativos e que não mais serão inviabilizados”, afirma a curadora Tânia Lima Barreiro.

De acordo com o museólogo e coordenador do Museu Universitário da PUC Campinas, Rodrigo Luiz dos Santos, a mostra, potente e poética, integra a programação da 17ª Semana da Primavera dos Museus, comemorada por instituições museológicas de todo o país, e inaugura, dentro do projeto de comunicação do museu, uma agenda de atividades para o segundo semestre com a realização de diversas oficinas e a proximidade com as comunidades internas e externas da instituição de ensino.

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